terça-feira, junho 21, 2005

O baptismo

A vinda ao mundo da criança nao se limita ao periodo do parto. Apos o nascimento, a criança esta incompleta, nao tem nome – ou seja, nao tem existencia social. O baptismo é a forma de concluir esta vinda ao mundo social e por isso deveria efectuar-se rapidamente.
Em Vilar do Paraiso, era pratica normal noutros tempos, baptizar-se uma criança passados entre quinze dias a um mes apos o parto. Esta pressa ocultava alguns medos por parte dos familiares mais proximos de recém-nascido. Uma criança que nao tivesse baptizada estava sujeita a olhares que lhe podem fazer mal e por isso enquanto nao fosse baptizada nao podia sair a rua. Outra das razoes que levava a que se baptizassem rapidamente as crianças, era o facto de que antigamente as doenças eram tantas que o melhor seria baptizar, antes que algum mal as atacasse. Lembremos que a elevada mortalidade infantil marcou a demografia até ao século XX.
Esta ideia de a criança se encontrar vulneravel a qualquer acçao maléfica que pudesse atentar contra ela, era bastante generalizada na comunidade. Dai que se respeitassem algumas normas sociais, como por exemplo: enquanto a criança nao for baptizada deve trazer consigo uma peça de roupa virada do avesso por causa do mau-olhado.
A cerimonia do baptismo, por norma, era sempre muito simples, estando presentes apenas o pai, os padrinhos e a parteira. A mae ficava em casa, pois muitas das vezes ainda se encontrava de cama, a recuperar do parto. Durante a cerimonia era necessario rezar-se com cuidado o credo. Se houver qualquer engano ou se faltar qualquer palavra, a criança sera medrosa e sujeita a coisas ruins.
O baptismo tornou-se, portanto um rito de purificaçao pela agua que lava as impurezas e simultaneamente um rito de protecçao, ja que a criança passava agora a estar protegida de todas as acçoes maléficas.
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Quando nestes textos coloco frases ou palavras em italico é porque sao relatos verdadeiros de algumas pessoas mais idosas daqui de Vilar do Paraiso. :)