terça-feira, fevereiro 15, 2005

Diario de um cao

nem k seja pelo facto da historia tar bem contada e fazer pensar um pouco...
1a semana
Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo !
1 mes
Minha mae cuida muito bem de mim. É uma mae exemplar !
2 meses
Hoje separaram-me da minha mae. Ela estava muito irrequieta e,com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova "familia humana" cuide tao bem de mim como ela o fez.
4 meses Cresci rapido; tudo me chama a atençao. Ha varias crianças na casa e para mim sao como "irmaozinhos". Somos muito brincalhoes, eles puxam-me o rabo e eu mordo-os na brincadeira.
5 meses
Hoje deram-me uma bronca. A Minha dona ficou incomodada porque fiz xixi dentro de casa. Mas nunca me haviam ensinado onde deveria faze-lo. Além do que, durmo no hall de entrada. Nao deu para aguentar.
8 meses
Sou um cao feliz! Tenho o calor de um lar;sinto-me tao seguro,tao protegido... Acho que a minha familia humana me ama e me da muitas coisas. O patio e todinho para mim e, as vezes,excedo-me, cavando na terra como meus antepassados, os lobos quando escondiam a comida. Nunca me educam. Deve ser correto tudo o que faço.
12 meses
Hoje completo um ano. Sou um cao adulto. Os meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim
13 meses
Hoje acorrentaram-me e fico quase sem poder movimentar-me até onde tem um raio de sol ou quando quero alguma sombra. Dizem que vao me observar e que sou um ingrato. Nao compreendo nada do que esta a acontecer.
15 meses
Ja nada é igual... moro na varanda. Sinto-me muito so. A Minha familia ja nao me quer! As vezes esquecem-se que tenho fome e sede. Quando chove, nao tenho tecto que me abrigue...
16 meses
Hoje tiraram-me da varanda. Estou certo de que a minha familia me perdoou. Eu fiquei tao contente que pulava com gosto. O Meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vao levar-me a passear!! Dirigimo-nos para a estrada e, de repente, pararam o automóvel. Abriram a porta e eu desci feliz, pensando que passariamos o nosso dia no campo. Nao compreendo porque fecharam a porta e se foram. "Ouçam,esperem!" lati... esqueceram-se de mim... Corri atras do carro com todas as minhas forças. A minha angustia crescia ao perceber que quase perdia o folego e eles nao paravam. Haviam me esquecido !
17 meses
Procurei em vao achar o caminho de volta ao lar. Estou so e sinto-me perdido ! No meu caminho existem pessoas de bom coraçao que me olham com tristeza e me dao algum alimento. Eu agradeço-lhes com o meu olhar, desde o fundo da minh'alma. Eu gostaria que me adoptassem: seria leal como ninguém! Mas apenas dizem: " pobre caozinho, deve ter-se perdido."
18 meses
Um dia destes, passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens como os meus " irmaozinhos " aproximei-me e um grupo deles, rindo, atirou-me uma chuva de pedras "para ver quem tinha melhor pontaria". Uma dessas pedras, feriu-me o olho e desde entao, nao vejo com ele.
19 meses
Parece mentira. Quando estava mais bonito,tinham compaixao de mim. Ja estou muito fraco; meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas mostram-me a vassoura quando pretendo deitar-me numa pequena sombra.
20 meses
Quase nao posso mexer-me! Hoje,ao tentar atravessar a rua por onde passam os carros, um acertou-me! Eu estava no lugar seguro chamado "calçada ", mas nunca esquecerei o olhar de satisfaçao do condutor, que até se vangloriou por acertar-me. Oxala me tivesse matado! Mas so me deslocou as patas traseiras! A dor e terrivel! As Minhas patas traseiras nao me obedecem e com dificuldade arrastei-me até a relva, na beira do caminho. Faz dez dias que estou embaixo do sol, da chuva, do frio,sem comer.Ja nao posso mexer-me! A dor é insuportavel! Sinto-me muito mal,fiquei num lugar humido e parece que até o meu pelo esta cair... Algumas pessoas passam e nem me veem; outras dizem: "nao te chegues perto". Ja estou quase inconsciente; mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura de sua voz fez-me reagir. "Pobre caozinho, olha como te deixaram ", dizia... com ela estava um senhor de avental branco. Começou a tocar-me e disse: "Sinto muito senhora,mas este cao ja nao tem remédio. É melhor que pare de sofrer". A gentil senhora, com as lagrimas rolando pelo rosto, concordou. Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse a descansar. Somente senti a picada da injeçao e dormi para sempre, pensando em porque tive que nascer se ninguém me queria...