sexta-feira, junho 10, 2005

Lenda dos Tripeiros

No ano de 1415, construiam-se nas margens do Douro as naus e os barcos que haveriam de levar os portugueses, nesse ano, a conquista de Ceuta e, mais tarde, a epopeia dos Descobrimentos. A razao deste empreendimento era secreta e nos estaleiros os boatos eram muitos e variados: uns diziam que as embarcaçoes eram destinadas a transportar a Infanta D. Helena a Inglaterra, onde se casaria; outros diziam que era para levar El-Rei D. Joao I a Jerusalém para visitar o Santo Sepulcro. Mas havia ainda quem afirmasse a pés juntos que a armada se destinava a conduzir os Infantes D. Pedro e D. Henrique a Napoles para ali se casarem...
Foi entao que o Infante D. Henrique apareceu inesperadamente no Porto para ver o andamento dos trabalhos e, embora satisfeito com o esforço despendido, achou que se poderia fazer ainda mais. E o Infante confidenciou ao mestre Vaz, o fiel encarregado da construçao, as verdadeiras e secretas razoes que estavam na sua origem: a conquista de Ceuta. Pediu ao mestre e aos seus homens mais empenho e sacrificios, ao que mestre Vaz lhe assegurou que fariam para o infante o mesmo que tinham feito cerca de trinta anos atras aquando da guerra com Castela: dariam toda a carne da cidade e comeriam apenas as tripas. Este sacrificio tinha-lhes valido mesmo a alcunha de "tripeiros". Comovido, o infante D. Henrique disse-lhe entao que esse nome de "tripeiros" era uma verdadeira honra para o povo do Porto. A Historia de Portugal registou mais este sacrificio invulgar dos heroicos "tripeiros" que contribuiu para que a grande frota do Infante D. Henrique, com sete galés e vinte naus, partisse a caminho da conquista de Ceuta.