sábado, junho 04, 2005

Lenda das Sete Cidades

Ha muitos, muitos anos, vivia no Reino das Sete Cidades uma pequena Princesa chamada Antilia.
A menina era a filha unica de um velho Rei viuvo que era conhecido pelo seu mau feitio. Senhor das Alquimias e do Saber, o Rei vivia em exclusivo para a sua filhinha, nao gostando que a Princesa falasse com ninguém. A menina ora estava com o pai, ora estava com a velha ama que a criara desde o nascimento, altura em que a Rainha sua mae falecera. Os anos foram passando, Antilia foi crescendo e um dia ja nao era mais aquela menina de tranças loiras caidas sobre os ombros, enfeitadas com flores silvestres; tinha-se transformado numa linda jovem, uma Princesa capaz de encantar qualquer rapaz do seu reino. Contudo, se todos ouviam falar da beleza da jovem Princesa, eram poucos ou nenhuns os que a conheciam, pois o Rei nao gostava que ela saisse do castelo nem dos jardins que o circundavam.Mas Antilia nao se deixava intimidar pelo pai, e com a ajuda da velha ama costumava esquivar-se todas as tardes, enquanto o Rei dormia a sesta depois do almoço. Saia pelas traseiras, sem que ninguém a visse, e ia passear pelos montes e vales proximos. Num desses passeios, andando pela floresta, um dia a Princesa escutou uma musica. A musica era tao linda, encantou-a de tal forma, que ela se deixou guiar pelo som e foi descobrir um jovem pastor a tocar flauta, sentado no cimo de um monte. Era ele o autor de tanta maravilha! A Princesa, encantada, deixou-se ficar escondida a ouvir o jovem a tocar flauta. E ouviu-o escondida durante semanas, até que o pastor, um dia, a descobriu por detras de uns arbustos.
Ao ve-la foi amor a primeira vista, e era reciproco, pois ela também estava apaixonada por ele. Os jovens continuaram a encontrar-se. Passavam as tardes a conversar e a rir, o pastor a tocar para a Princesa e ela a escuta-lo enlevada, e ambos se sentiam muito felizes juntos. Um belo dia o pastor decidiu pedir a Princesa em casamento. Logo pela manhazinha, o jovem bateu a porta do Castelo, e pediu ao criado para falar com o Rei. Pouco depois o criado voltou e levou-o a presença do Soberano. Muito nervoso mas determinado, o pastor fez-lhe uma vénia e, olhando-o nos olhos, disse: - Majestade, gosto muito de Antilia, sua filha, e gostaria de pedir a sua mao em casamento.- A mao de minha filha, NUNCA... OUVIS-TE... NUNCA!- disse o Rei aos berros.- Criado, poe este pastor atrevido na rua. O jovem bem tentou argumentar, mas ele nao o deixava falar, e expulsou-o do Castelo. Em seguida o Rei mandou chamar Antilia e proibiu-a de ver o pastor. Antilia mais nao fez do que acatar as ordens do Rei seu pai. E nessa mesma tarde foi ter com o seu amor e disse-lhe que nunca mais se podiam encontrar. Os dois jovens choraram toda a tarde abraçados. As suas lagrimas, de tantas serem, formaram duas lindas e grandes lagoas, uma verde da cor dos olhos da Princesa, a outra azul da cor dos olhos do pastor. E ainda hoje estas duas lagoas continuam no Vale das Sete Cidades, na Ilha de Sao Miguel, la nos Açores, para avivar a memoria de todos quantos por ali passam, e recordar o drama dos dois apaixonados.
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(Esta é uma das varias lendas que o povo conta sobre o aparecimento da Lagoa das Sete Cidades na Ilha de Sao Miguel - Açores)